terça-feira, 2 de novembro de 2010

Diamantes.


O céu, aqui, é cinza. E ainda parece insistir naquela mesma solidao. Talvez tenhamos tempos de paz, mesmo com a fuligem cobrindo nossos corpos, e aquela mancha cinza que marcha em direçao aos nossos coraçoes, dentro de nossos rios, de nossas estradas. Eu queria saber se daqui de cima tudo é tao fácil, se tudo vai e vem com esse mesmo prazer de afogar as melhores intençoes, enquanto nos banhamos ao som daquela antiga musica que me fazia pensar sobre certo ou errado.

Ser.

O que torna um homem no que realmente ele é? Sao as piores coisas que ele já fez, as melhores, ou as que ele ainda espera ser?
- Quando se encontramos na metade da nossa vida, e estamos totalmente distante de nosso destino, de nosso propósito?
- Quem é a pessoa que você se tornou? Como é a pessoa que voce é, e a que você poderia ter sido?

sábado, 2 de outubro de 2010

Em comum.

Tantas vezes pensei andar em plumas, tropeçando sobre brasas e lanças. E ouvir a tua voz dizer que um dia iria ter a paz, que sei, nunca guardaste pra mim. Ouvi teus profetas a me dizer que não há fim em tua bondade, caminhando entre a peste que corrói teus filhos, e o olhar faminto e sem vida dos que beijam teus pés. Não posso mais tocar-te porque deixei de crer em teus brados heróicos.
Adeus, agora que sei que nas altas montanhas o vento é bem mais forte, e tua sombra não mais queima quem ousa te olhar nos olhos, e ver que teus castelos são de areia e que não há nada além de tinta e sangue em tuas escrituras.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Contato

Fogo. Carinho. E aquela necessidade inexorável de me encontrar em ti.
Vôo aos céus, caio de joelhos, finto na penumbra, e luto por nao ter mais aqueles dias em que as velas de meu barco sem rumo me conduziam em meio a um mar de pedras.
- Por todas os dias em que acordo com voce nos meus olhos e por todas as noites que durmo com voce em meu pensamento.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Pronto.

Pequeno, simples, complexo.
- Nem todas as coisas tem a facilidade de ser tao comum quanto o inesperado.

domingo, 3 de janeiro de 2010

As covas.

E daqui de cima posso ver toda a cidade, com seus caminhos e estradas, as suas luzes de entrada. Posso sentir o vento frio que me rasga a face, e saber o que é meu. Minha vista se perde no meio de todo esse esquecimento, dos dias que foram e dos dias que virão. A noite agora parece estar caindo, e eu ainda estou aqui de pé, esperando que a essas raízes não mais cresçam por dentro.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Céu.


Ao mudar o meu tom, para o de tuas mais belas sinfonias. Escondendo dentro de mim, o que eu mais procuro em voce, no fechar dos teus olhos e no sangue que corre em teus pulsos. Rasgamos todas as cartas e queimamos todas as flores enquanto as luzes do teu farol iluminam a penumbra dos dias sem fim, nos quais eu estava perdido em teus lábios.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Seu lar

De quando eu te desenhei no mais profundo dos meus olhos, das cores que me saltam os olhos ao te ver, do sorriso que ainda insisto em recordar. Da tarde de ontem, que ainda encontro, em mim, o cheiro que há em teus lençóis. Pequenos pedaços de nada, que transformam no muito do pouco, dos defeitos que insisto em procurar em teus labios, dentre as tuas nuvens de algodao.

domingo, 16 de agosto de 2009

Coordenadas.

Subiu aos céus, mas não podia confiar em suas asas.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Neve com sangue

Navalha afiada, a mesma que corta as memórias sem sentir dor. A mesma, desde os dias em que os nossos sorrisos eram apenas feridas, e que os nossos beijos e olhares eram sinceros. Eu fiquei perdido entre aquelas duas fotografias, talvez o fotografo não viu a linha entre o dia e a noite, e me prendeu junto com meu coração.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Em Lá menor.



Encontrar-se perdido, sem fim, sem luta, sem pé nem cabeça. Olhando a luz da noite que dá vida aos dias sem fim, encurralados por ruas que estreitam o caminho de amanhã, que dizem o caminho de ontem, e como será o próximo beco sem saída. Pergunto-me se seria sensato gritar bem alto, até o tom mais alto de minha garganta, até sangrar. Quantas notas de dor iriam sair? Em que tom, meu medo e semi-amor iriam me dizer: "Deixa Lá, crê em Sí".

sábado, 2 de maio de 2009

Horizontes de Verão.


Cada vez que te encontro, eu me perco em devaneios. Na embarcação que me leva sem destino ao oceano destes dias, em que avistei tantos portos, em que meu diário de bordo é incapaz de saber dizer quanto tempo faz que eu nem sei... Eu nem sei se vou saber mais voltar.

Horizontes de Inverno.


Meu encanto se foi com o vento e partiu-se em pétalas que dançam ao redor de teu farol a implorar pelo apreço de teu olhar quando o orvalho em que minha alma navega não pode mais esconder as lágrimas dos anos que perdemos, mudamos nossos rumos e rasgamos nossas velas pra prosseguir.

Horizontes de Primavera.


Naufrágo com o corpo cansado, na penumbra aguardo a tempestade. Então decida se me atira outra vez em tuas praias, ou se enfim me leva às rochas pra descansar.

Horizontes de Outono.


E é tudo tão covarde, deixar morrer as chances, por medo que barcos de papel não suportem as cargas clandestinas que fingimos não acumular com o tempo.

E é tudo tão impossível até que ateamos fogo nos remos.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Caçador de sonhos.


Sonhando, eu sonhei.
Talvez eu estivesse a duas milhas daqui.

domingo, 26 de abril de 2009

Entre - Sobre; Linhas.


Está ventando aqui fora e posso sentir meu rosto frio, mas isto não representa muita coisa a ponto de me inspirar. Eu poderia até forçar ser depressivo e escrever sobre uma tristeza que não vivo e chamar isso de "profundo". Quem sabe até ir bem mais longe e esquecer onde está minha sinceridade até que isto se torne algo espontâneo, mas não quero ser ironia a toda hora, nem vou fingir que eu sou frio e só consigo agir com a própria razão ou me expressar sempre com a velha fórmula das metáforas para que enxerguem em mim alguém "genial" como Bob e Jim (que nunca disseram nem um pouco sobre mim), pois sei muito bem quem eu sou e espero sempre poder mudar. Sei muito bem quem eu sou...

Dragões em guerra.

Moro num lugar estranho, de valores confusos e deuses viciados.
Onde as crianças morrem por nada e por nada pagam mil pecados.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

III - Noite no Castelo

III -

A caminho do banheiro, instintivamente, mudei de idéia. Porque não sentar-me em sua mesa? 3 segundos depois eu me dirigira a encontro dela, ou delas, se assim vocês quiserem. Elas perceptivelmente já estavam a minha espera. Franzi um pouco a testa, passei a mão em meus cabelos, frisei o seu olhar no meu e me aproximei.
Pedi nobremente para sentar-me, enquanto fitavam-me a boca. Apresentei-me, elas também fizeram o mesmo, e então começamos a conversar livremente deixando o ambiente cada vez mais confortável. Tivemos um bom papo sobre musicas, praias, noites, quando muito felizmente elas duas se levantaram para ir ao banheiro, e nos deixaram a sós.
Conversamos coisas sobre o sol, o céu, a terra, a água e o mar. E nada conseguia descrever o quão prazeroso era aquele momento para mim. Cada segundo expressado com um sorriso, cada palavra observada com atenção, cada olhar recebido com malicia.
Eu tentava dominar a todo custo a fera que me escapava aos poucos. O que estranhamente parecia a deixar mais audaciosa e a conseqüentemente deixara a conversa bem mais interessante.
Enquanto conversávamos nossas mãos se tocavam, nossos olhares se cruzavam com a lua e o sol. Eu, ousadamente, acariciava os seus doces cabelos - a mais pura seda, o mais puro cacho. Não tinha como negar. Meu coração acelerava cada vez mais, a pressão de meus batimentos levavam meu sangue para meu coração, que espalhava com paixão as doces gotas de libido. A altura agradável do som as vezes incomodava um pouco, o que tornou ainda mais interessante a conversa. Nós conversávamos ainda mais perto, um do outro. Sua respiração filtrava toda a malicia contida naquele ambiente, seus olhos me faziam jamais pensar em hesitar. Quanto mais a conversa fluía, nossas bochechas se tocavam, e eu sentia firmemente sua respiração ofegante em meu corpo.
As musicas continuavam a tocar, e quando ao som de Linger - The cranberries, uma brusca freada e o forte estrondo de algo similar a uma batida de carro. No mesmo segundo a banda parou de tocar, as pessoas se assustaram instintivamente e as luzes do local se apagaram.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Aquarela.


E eu estava achando difícil não olhar demais nos olhos dela. Eram do tom de castanho que parecia engolir qualquer coisa que mirassem - brilhantes, profundos e perseguidores. Mais que refletir a luz, eles pareciam brilhar como se iluminados por sua própria fonte. Nenhum homem ou mulher podia olhar teus olhos e não pensar que havia de fato um Deus no céu. Olhando para ela, eu me perguntava como tinha sobrevivido pelos últimos dois anos.
Ela deu um passo à frente. - Me dê um abraço, meu cavaleiro.
Eu ri ao ouvir a referencia de infância, e a abracei com força. - É tão bom ver você.
Ela ficou nas pontas dos pés e beijou minha bochecha. A não ser por aquele único doce beijo quando tínhamos 11 anos. Ela sempre havia sido a donzela em perigo, e eu o cavaleiro na armadura reluzente, embora ambos soubessemos que era ela quem havia me resgatado afinal.

How fast?

How fast can you have your bags packed?
I'm ready to blow this town
Cause one thing, between road signs and street lights, when I shut my eyes to the world outside It's just another thought of you and I.

Save me from myself.

Hands, like secrets, are the hardest thing to keep from you.
Lines and phrases, like knives, your words can cut me through.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Bula.


A receita sem palavras, sem ordens, sem erros.
Sem medo, sem amor, sem saber.
As palavras cortam a escuridão, e a cada segundo marcado em meus olhos, o abismo diminui.
O defeito nem sempre cogita o segredo.
A verdade nunca transpõe a dor.

Interior.


Passa o tempo.
A luz se apaga, os semblantes mudam, as figuras vivem.

Vai e vem, abre e fecha, ação e reação.
No meio de tanto concreto, espalho minhas rosas e corto meus pulsos.
Nada mais parece ser igual. Tudo agora tem vida. Meu sangue desenha imagens, que são pintadas com o aroma das flores. Dá-se vida, dá-se luz.

Descobrir.


Conhecer.
Até que ponto a vida me limita?
Por quantas vezes mais eu vou ter que conseguir?

O sinonimo de tudo que remete a existir.
Saber.
Mais do que palavras, do que intenções, de frases nem sempre feitas, nem sempre coerentes.

O prazer do desconhecido me afaga, me constrói e me derruba. Me enxarca nas águas mais densas, me lava com os prantos mais silenciosos. Porque viver, é descobrir. Seja em você mesmo ou em todas as coisas do mundo.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

II - Por um fio.

A mente de Kevin enumerou as possibilidades. Se ele tivesse sido encontrado vivo, teria sido nas primeiras semanas. O que significava que ele já estaria livre há mais de três meses e não havia contato nada à policia. É claro que, se ele tivesse sido encontrado morto, não poderia contar nada. De qualquer modo, ele provavelmente tinha sumido de vez. Quem sabe ainda estava vivo, mas não estava mais lá.
Ele saiu estabanado, fechou e trancou a porta, e correu noite adentro, determinado a nunca mais pensar naquele menino. Kevin tinha salvo Sam, não tinha? Sim, tinha! E não tinha sido preso, nem errado. Porque ele tinha feito a coisa certa.
Radiante e coberto de alivio, ele correu direto para casa de Sam, mesmo já tendo passado a hora de ela dormir. Ele levou quinze minutos para acordá-la e convencê-la a pular a janela.

segunda-feira, 30 de março de 2009

I - Por um fio.


Kevin abriu a tranca. Ele empurrou a porta. Ela entreabriu com um rangido.
Escuro. Embolado. Kevin prendeu a respiração e abriu o resto da porta.
Seus ossos tremeram da cabeça aos pés. Era real. Aquilo era mesmo sangue, espalhado no chão inteiro. Estava seco e coagulado, mas exatamente onde ele lembrava que deveria estar. Ele empurrou a porta de novo, para garantir que não havia ninguém atrás dele. Ele estava sozinho.
Kevin entrou na câmara vazia. Uma bandana estava jogada num canto. A bandana do garoto. Ele com certeza tinha trancado o menino naquele porão, e não havia outra saída visível. Isso significava que uma de duas coisas tinha acontecido. Ou o menino tinha morrido aqui e alguém encontrara o corpo, ou alguém havia achado o menino antes dele morrer.

domingo, 8 de março de 2009

Entrevistada da semana - Lina Waimea.


Promoção de atitudes ambientais favoráveis através de debates de dilemas ecológicos.



Lina Waimea, Natal RN, Ex-estudante de Ecologia da UFRN, participa de atividades Nipo-culturais junto a Associação Cultura Nipo-Brasileira do RN. Ex- estudante de piano clássico. Tem interesses em questões ambientais, filosóficas e também em Religiões Orientais. Atualmente Cursa Turismo na UFRN, fala inglês fluentemente e cursa alemão na Cultura Alemã de Natal.
- Orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?rl=fpp&uid=15128754394408070247.

1. Você costuma pensar sobre a natureza e o meio ambiente? O que é que você pensa?

Sim, obviamente! Sendo um ser que atua ativamente em sua degradação como qualquer ser humano. Pois produzimos lixo todos os dias. O que penso varia com a ocasião e o local, mas geralmente são questões que lidam com ética e consciência ecológica.

2. Você faz algo para ajudar o meio ambiente? Que tipo de coisa você faz e como faz isso?

A conservação do meio ambiente começa em casa. Na minha família todos separamos o lixo corretamente. Já é um passo importante, pois a reciclagem e reutilização são alicerces de uma produção mais limpa. Costumo entrar em sites como o do Greenpeace pra ficar atualizada nas notícias e de atividades que possam ser colaboradas via internet, como abaixo assinado. Também indico o "Click Árvore", um sistema no qual você planta uma árvore com apenas um clique e ajuda a recuperar a mata atlântica, veja como em: http://www.clickarvore.com.br/index.php?page=conteudo&sec=click_oque&cont=1

3. O que você pensa sobre a questão da Amazônia e sua preservação ou desmatamento?

A questão da Amazônia é um problema de todos nós cidadãos brasileiros, que devemos estar atentos, pois é um patrimônio riquíssimo. Denunciar sem medo esse tipo de acontecimento e mobilizar, tentar conscientizar e sensibilizar os próximos também faz parte. A Amazônia envolve mais que problemas de desmatamento, mas, também abrange sérios problemas como biopirataria e tráfico de animais silvestres.

4. O que você pensa sobre a questão da poluição industrial?

Existem métodos mais limpos de produção, o grande problema é implantá-los nas empresas, pois custam caro e conscientizar os empresários é uma tarefa árdua. Mas, uma empresa mais limpa, ou que compensa sua poluição com contribuições alternativas de conservação como projetos ambientais e apoio a comunidade, possui um bom marketing e essa é uma das maneiras de conseguir convencer esses empresários.

5. O que você pensa sobre a utilização da energia nuclear?

A energia nuclear é uma energia limpa de fato, e renovável. Se a segurança for fator primordial sobre essas indústrias é uma boa alternativa a ser seguida. Mas, vale salientar que esses padrões de segurança são muito exigentes... O grande problema da energia nuclear é o lixo atômico mas cada vez mais se pensam em alternativas viáveis para seu encaminhamento mais correto.

6.Você se acha responsável pelos danos à natureza mencionados neste questionário? Por quê?

Sim! Dizer que sou omissa a muitos destes fatos seria uma hipocrisia, pois todos nós agimos diretamente ou indiretamente nesses impactos. Mas, com conscientização e conhecimento podemos viabilizar alternativas para amenizar os mesmos. O importante é não fechar os olhos, e mudar. Lembre-se de que a mudança começa em casa, e se conseguir passar isso adiante a uma pessoa, já é um contribuição. A conservação ambiental é intrinsecamente pessoal, e interior eu diria. A mudança começa dentro de nós mesmo... o que você está esperando?

II - Noite no Castelo

II -

Mal percebi que no canto do estabelecimento existia um palanque, que consiste em uma espécie de mini-palco, feito de madeira com vigas de ferro de aproximadamente 50 centímetros de distancia do chão. Comportava duas caixas de som medianas, um teclado – um pouco antigo, cuja marca famosa não me vem em mente neste momento – um violão preto com detalhes prateados em seu contorno e dois suportes para microfones. Neste exato momento entrou no palco um homem alto, magro, de cabelos cacheados, trajando uma calça jeans comum e uma camisa vermelha de gola rulê e uma mulher negra, cabelos crespos, olhos castanhos e um corpo escultural. Deu-se Inicio ao show.
As luzes cadentes do local diminuíam ainda mais para que se iniciasse o show, mas nada parecia ofuscar o brilho daquele sorriso, o qual me transmitira ainda mais calor. Ela estava sentada com os dois pés fincados no chão, as mãos nos joelhos, olhos penetrantes e imóveis, os cabelos perfeitamente alinhados apesar da mania de passear com os dedos entre eles.
Eu, ofegante pelos olhares penetrantes que ela me lançara, empurrei o banco para trás, lentamente me pus de pé. Enquanto isso eu saboreava outro gole de uísque. Abotoei o ultimo botão de minha camisa, que só havia notado naquele momento que estava desabotoado. Lancei-lhe um doce e perverso olhar, com muito mais do que segundas intenções, junto com um sorriso que brotava às margens de meus lábios. Ela fitava-me também e eu sustentei o olhar, esperando que ela desviasse a cabeça rapidamente. Mas, ao invés disso, ela me fitou com intensidade, como se me sondasse. Segui meu caminho, fui ao banheiro como esperava.

Continua ...

I - Noite no Castelo

I -

Alguns dias atrás me inspirava no mais pleno e alto nível de boemia. Horas passavam comumente a todos nós (Eu e mais alguns comparsas) que dividíamos a mesa de um Bar. Dentre ventres e véus que me inundavam a vista, certo momento enche-me os olhos de tal devaneio. Morena, olhos castanhos levemente carinhosos – Talvez os olhos mais lindos que eu já vira. Cabelos castanhos claros e encaracolados nas pontas. Usava uma calça Jeans anos 80 e uma blusa verde, bem básica. Brincos em forma de anéis espiralados, um colar negro com detalhes dourados realçando o seu decote. Eu jamais esperava ver tal beleza perto de mim, em tal momento, em tal lugar. Segurei firme o copo de uísque, franzi a testa e passei a mão em meus cabelos.
Ela entrara pela porta do Bar, acompanhada de duas amigas. Uma morena com cerca de 1,70m, realmente muito bonita, mas nada me chamara à atenção nela, e pouco menos ainda na moça de cabelos negros que a acompanhava. Desnorteava-me a idéia de tê-la em meus braços. As luzes ofegantes do estabelecimento pareciam se reduzir ao brilho de teus olhos. Ela sentou-se há umas três mesas e duas pessoas de distancia de minha mesa. Copos de uísque foram bebidos, cartas foram dadas, conversas foram jogadas fora. Tentando distrair-me e desviar os meus olhares de teus doces olhos.
Era quase 23h30min, quando percebi que os olhos de suas amigas me fitavam na penumbra. Alguns cochichos saiam de suas bocas. Esperava eu que elas realmente estivessem cochichando o que meus ouvidos queriam ouvir. Um de meus comparsas percebeu a movimentação, e ergueu seu copo de uísque – Acenando para as duas, com um sorriso de lado, enquanto ajeitava a gola de sua camisa. Elas acenaram de volta, erguendo também as suas taças de vinho tinto. E assim parecia que a noite começaria a tomar outro rumo. Já era quase meia noite, quando meus olhos cruzaram-se pelos seus. Algum tipo de eletricidade fez pulsar mais forte o meu coração. Apertei forte o copo de uísque – Ainda cheio, com um pouco de gelo derretendo-se. Dei um sorriso torto, enquanto tomava um gole de um tradicional escocês 12 anos.

Continua ...